O começo da minha trajetória como empreendedor foi ali em 2010. Foi ontem, não deu nem pra debutar ainda. Lembro que participei de uma entrevista de de um programa de TV local e defendi que as minhas contribuições com o mercado da comunicação seriam para ajudar as marcas a fazerem as coisas certas e não para certas coisas. Tinha uma petulância ali (que vem comigo até hoje) e que hoje me fazem revisar esse papo, pois no fundo tem relação com ser “operacional” ou ser “estratégico”.
Em 2024, todo mundo quer ser estratégico. Os raios gourmetizadores atingiram a todos. Não é mais apenas um cachorro-quente, é uma experiência. Não é apenas um layout, é um conceito. Não é apenas fornecimento de tubos, é estratégico. Não faltam exemplos. Acho que em muitos casos até justos, aliás. Mas é muita Cláudia pra pouco banco.
Acontece que a execução hoje é a parte mais importante das estratégias, mas com pouca gente disposta a sujar as mãos de graxa. Mais do que isso, falta clareza: o que precisa ser feito são certas coisas ou construções que ajudem a definir as coisas certas a serem feitas?
Tem muita gente que ainda trata como cachorro-quente o que precisava ser tratado como a busca por uma nova receita. “Me vê uma pizza? Ainda não decidi o sabor, nem o tamanho, mas vai adiantando aí pra mim.” É como chamar um designer pra fazer um rótulo novo, como a solução para um vinho que não está vendendo. Quando a solução seria a abordagem com canais mais adequados, por exemplo.
Tratar tudo como coisa simples é um desserviço. Complicar demais também. Mas eu tendo a acreditar que a superficialidade que vivemos tem nos levado a observar que tudo tende a ser tratado de forma cada vez mais rasa. Tudo é simples de ser feito, mais do que nunca a urgência em fazer de qualquer jeito, tem prevalecido à reflexão. Basta ver os 50 emails que estão na nossa caixa de entrada nesse momento, tentando vender coisas diferentes com estruturas de abordagens iguais, homogeneizadas.
Absolutamente tudo deveria começar com clareza: que problema estamos tentando resolver?
É depois dessa clareza que se começa a definir o que precisa ser feito. A gente vai na farmácia depois que fez exames e consultou o médico. A automedicação às vezes funciona, mas é importante ter clareza das escolhas que foram feitas, pra não se queixar dos resultados.
Vencer a tentação de pensar que a solução será simplória, é um excelente começo. Somada a clareza de quem é que vai estar efetivamente disposto e bem direcionado para a execução, melhor ainda.