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Propósito é a nova sustentabilidade

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Vivemos um período de extremos, de polos se antagonizando com a perspectiva do que queremos para a sociedade, onde o estado tem se mostrado cada vez mais incapaz de ser o mediador desse momento conflitante. Sobra para as empresas assumirem esse papel, na condução e construção dos valores que vão reger a sociedade. É aqui que faz sentido que as empresas protagonizem temas como responsabilidade ambiental.
 
A década de 80 trouxe para o universo corporativo as primeiras ideias de colocar as empresas como protagonistas no desenvolvimento de soluções sustentáveis para o planeta. Não demorou para que isso se tornasse um tipo de posicionamento explorado pela comunicação: a empresa é diferenciada, porque é responsável com o meio ambiente. 
 
Aqui pela Serra Gaúcha, a pressão para ter os móveis 100% feitos em MDF, já foi quase questão de sobrevivência para alguns nichos de mercado. Porém, antes de se ter a convicção que o MDF seria efetivamente suficiente como a resposta para a salvação do planeta, a necessidade de comunicar um selo de sustentabilidade passou a ser exigência das estratégias de marketing.
 
Os anos passaram e agora o tema do momento é “propósito”. Em um TEDx famoso, o escritor e palestrante Simon Sinek popularizou a teoria de que as empresas devem sustentar seus discursos com base no seu propósito, ou seja, no porque elas existem. Não demorou muito para que o mercado seguisse o movimento: minha empresa é diferenciada porque tem um propósito.
 
Ser sustentável ou ter um propósito são ideias nobres, podem promover transformações consistentes e necessárias tanto nas empresas como na sociedade. O perigo é que às vezes isso pode ser uma cilada. Tratar esses conceitos de forma oportunista, pode ser frustrante tanto para os resultados que se espera ao se posicionar com esses conceitos, como para quem pode olhar para as promessas das empresas e perceber que não passam de discursos vazios.
 
Sou um entusiasta da clareza e da relevância social que as marcas tem: uma empresa transcende o objetivo de gerar lucro aos seus acionistas e tem muita responsabilidade no que ela representa na vida das pessoas, tanto as que trabalham nela ou que a consomem. Tratar disso de forma genuína e profunda é um desafio digno, nobre. Vulgarizar ou dignificar expressões com tanto significado é um desafio separado por uma linha tênue, que dorme com a consciência de quem as promove.